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Red – Um Heroi Surge

28 segunda-feira jan 2013

Posted by Bela in Contos, Escritor, Hero, Heroína, Histórias, Liberdade, Textos

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cidade, conto, escrever, escritora, Hero, heroína, história, ruas, texto

Ninguém sabia que havia um vigilante. Alguém que passava noites em cima de um dos prédios mais altos e estonteantes da Berrine, observando a cidade, a vigiando.

Estava agachado como se procurasse por alguém ou alguma coisa. Seu curto cabelo balançava um pouco com o vento frio e forte que chegava do Sul. A máscara preta lhe cobria os olhos amendoados. Usava um uniforme como sua identidade: luvas vermelhas até metade dos braços, o peitoral vestia uma armadura leve e ao mesmo tempo forte a qualquer ataque – o símbolo da sombra de um dragão se destacava em relevo. As longas botas cor de sangue iam até os joelhos e uma calça preta cobria-lhe as pernas. Uma capa vinho feita de material resistente voava de maneira desorganizada. Para completar sua vestimenta, um cinto de utilidades – com variados tipos de objetos que poderiam lhe ser uteis – estava preso a sua cintura definida.

Parecia conseguir distinguir todos os sons que chegavam aos seus ouvidos. Seus olhos não paravam em um ponto fixo, estava muito compenetrado com o que estava fazendo.

Ele era um herói ou um vilão? Há uma hora que o conceito dessas duas palavras se mistura e não se sabe dizer ao certo quem é quem. Nem sempre é claro ver a linha que separa o bem do mal.

Um sorriso apareceu em seu rosto encoberto pela escuridão do lugar. Em um gesto rápido, levantou-se e pulou do edifício, um pulo mortal para quem não tivesse o seu dom. Não estava caindo e sim flutuando.

Alguns poucos seres humanos nascem com características muito especiais, tão especiais que poderiam levar o mundo à ruína e guerras sem sentido caso todos se revelassem e escolhessem um lado do tabuleiro para jogar. O vigilante era um dos poucos que gostaria de fazer a diferença em um mundo repleto de injustiças e violência. Só tentava não atrair a atenção do governo.

Como havia chovido há algumas horas, o asfalto no qual pisou ainda estava molhado e suas botas fizeram um barulho razoavelmente alto. Pensou que talvez não o tivessem ouvido. Aproveitou que a escuridão do apertado beco o dava cobertura, se escondeu atrás de uma lata de lixo de metal e esperou por aqueles que procurava fazia muito tempo.

– Mas não seria arriscado demais fazermos isso com esse novo cara atrás de nós? – ouviu um deles falar, sentia o medo em sua voz irritante e aguda. Pela sombra conseguiu ver que era magro.

– Você tem medo de um homem que se esconde nas sombras e só aparece a noite? Francamente, ele é um covarde, isso sim. – o que parecia ser o chefe falou, era baixo, tinha uma cara muito malvada, como se já tivesse matado várias pessoas a sangue frio e sem nenhum remorso.

Os passos iam ficando cada vez mais fortes – assim como suas vozes  –  à medida que andavam pelo beco pouco iluminado. Já era hora de agir, pensou ele. As luzes dos postes começaram a piscar uma por uma. Os dois homens pararam e recorreram a suas armas que estavam nos bolsos de seus longos e negros casacos. Por um momento, houve um silêncio total e a ansiedade de ambos os lados tomou conta do ar.

Tudo se dissipou quando o mascarado apareceu no meio deles e começou a atacar. Atacou primeiro o mais medroso, que bloqueava seus ataques enquanto tentava alcançar a arma que havia derrubado no chão com o susto do aparecimento repentino. O chefe disparava uma chuva de tiros onde jurava ter visto um borrão do vigilante por detrás de seus óculos sujos, tentava a todo custo matar aquele misterioso homem, mas suas tentativas todas eram em vão porque o outro se desvencilhava com uma rapidez sobre humana.

Conseguindo nocautear o primeiro, o vigilante virou-se para o menor que tentava controlar o pouco medo que sentia. Atirou sem dó até ficar sem balas, tentando se proteger. Agoniado com o sumiço de seu inimigo, resolveu fugir para o mais longe possível e tentar despistá-lo. Grande erro. Conseguiu chegar bem perto da rua principal, onde havia mais movimento, mas um soco em sua frente uma sombra apareceu e deu-lhe um soco tão forte no lado esquerdo do rosto que acabou arrancando um de seus dentes e o fez cair desmaiado em uma grande poça de água.

– Mais um ponto pra mim. – uma voz feminina murmurou, enquanto ajeitava a mão que havia dado o golpe.

Ao passar um carro próximo dali, com luzes azuis do farol, pode-se ver a figura de uma mulher de máscara roxa e cabelos verde que iam até metade das costas. Vestia um traje único roxo botas azuladas quem ficavam um pouco abaixo dos joelhos. No peito carregava um símbolo de dragão também.

O mascarado chegou lá bem a tempo de ver sua “presa” no chão, inconsciente e não gostou do que viu.

– Você sempre aparece e estraga minha diversão. – brigou, vendo-a sorrir.

– Ainda bem que cheguei a antes que você se machucasse. – seu tom de voz era angelical. Piscou para ele quando viu sua cara de emburrado. – Admita que me ama, Red.

O vigilante chegou mais perto dela e lhe deu um longo beijo que foi retribuído com paixão, um pequeno sorriso maroto nasceu nos lábios dele.

– Se você diz, Pequena.

E voltou a dar-lhe um beijo.

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Conto – O Escritor das Ruas

27 quarta-feira jun 2012

Posted by Bela in Contos, Escritor, Histórias, Textos

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conto, escrever, escritores, história, ruas, texto

Seu nome era Monique Russo, tinha os olhos mais azuis que o mar em calmaria, tinha uma estatura mediana e trabalhava como secretária em um grande escritório no centro da capital de São Paulo. Não era o emprego dos sonhos, mas a ajudava a pagar o curso de Direito que fazia a noite.

Andava com pressa pela calçada da avenida movimentada, tentava não esbarrar em ninguém enquanto carregava sua bolsa e seus livros pesados da faculdade. Estava muito atrasada, o despertador não tinha tocado e por isso acordou meia hora depois. Prometeu a si mesma que iria comprar um outro na hora do almoço.

Por mais que estivesse com pressa, algo a chamou a atenção. Parou de andar.

Era um mendigo que estava sentado encostado na parede de um dos gigantes edificios da cidade. Ele estava rodeado de livros de todos os tamanhos e gostos e várias folhas com escritos estavam espalhadas. Parecia difícil de imaginar que alguém que morasse na rua pudesse ter tantos livros e gostasse tanto de ler. E estava escrevendo. Um mendigo escritor?

A moça olhou para os lados e percebeu que ninguém parecia notá-lo. Resolveu que  iria se atrasar mais um pouquinho ao emprego. Tinha algo nele que estava curiosa para descobrir.

– Olá senhor… – começou a jovem, abaixando-se para olhá-lo.

O homem não levantou a cabeça e continuou escrevendo.

– O que quer? – bravejou, não querendo ser interrompido, o que assustou Monique.

– Só queria perguntar se o senhor gosta de ler tanto assim e o que tanto escreve…

Ao ouvir isso, o morador de rua pausou sua atividade e sorriu. Nunca nenhuma pessoa o havia chamado para conversar. A mirou e ela o achou muito familiar.

Conversaram por um longo período e a contou que havia deixado sua família há muito tempo e que se arrependia amargamente disso. Nunca teve a chance de ver a filha crescer.  E desde então, só conseguia achar calma quando escrevia e lia alguma coisa. Por incrível que parecesse, muitas pessoas jogavam livros no lixo e foi assim que fez sua pequena coleção.

A mulher o olhou com carinho, seu pai a havia deixado assim como sua mãe sem motivos aparentes. Um dia ele simplesmente sumiu. Ainda conseguia se lembrar de quanto sua mãe chorou naquela noite.

– Eu escrevi muito durante todo esse tempo que andei vagando pelas ruas. Acho que até escrevi um livro inteiro… – ficou pensativo e tratou de procurar algumas folhas perdidas no meio de seu único e grande tesouro. – Aqui está.

– Posso ler?

– Fique à vontade. – respondeu gentilmente, ela já tinha ouvido aquela voz tão suave.

Olhou para a primeira folha, que parecia ser uma dedicatória e leu: “Em memória de Monique Russo. Desculpe ter ido embora, minha filha. Agora é muito tarde para consertar meus erros. Saiba que a amo muito. Adeus.”

Terminou de ler e procurou o homem, mas ele já não estava mais lá. Havia somente uma chuva gélida e fina que gelou seu coração.

Como sempre, ninguém havia notado.

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Bela

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29 anos, engenheira da computação, tenho uma grande paixão pela escrita. Pretendo ser uma grande escritora um dia. Minha vida como escritora começou quando eu tinha 10 anos e já escrevia histórias curtinhas. O sentimento pela escrita é tão grande que virou um grande sonho ser capaz de tocar as pessoas com palavras como grandes escritores e seus livros que tocam em nossos corações.

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Sou uma garota que tem uma grande paixão pela leitura e pela escrita.
Sou tradicional e gosto de escrever no papel para depois digitar, dessa maneira sinto que estou sendo inspirada por grandes escritores do passado, especialmente escrevendo com canetas de pena. Assim, fico mais perto da forma mais autêntica e pura da escrita.

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