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Primeiramente: desculpem a demora de postar um conto! É que eu estava um pouco corrida por causa da faculdade, mas agora está tudo tranquilo! Espero que gostem.

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Ele a viu em um sonho.

A viu com um vestido florido, com flores vermelhas no cabelo. Um rosto tão sereno e belo, emoldurado por cachos.

Ele ficou a admirando por um tempo, enquanto ela não percebia que alguém a vigiava de perto, entre as árvores da floresta. Queria se aproximar dela, a dizer o quanto era bonita, mas não podia.

Ele tinha deveres a cumprir e regras. Ele estava infringindo uma ao permanecer naquele sonho por muito tempo, sua missão era deixar as pessoas terem seus sonhos e apenas zelar por eles enquanto elas dormiam.

Mas ele não conseguiu.

A cada dia que passava, ele não conseguia a tirar da cabeça e passava o dia inteiro esperando que ela sonhasse de novo para poder vê-la bela e deslumbrante, passeando enquanto seu corpo dormia em algum lugar no mundo.

Um dia, ele tomou coragem e foi falar com a moça que estava sonhando com um baile de máscaras naquele dia. Em um rápido aceno, transformou suas vestes escuras e longas em um traje festivo.  A convidou para dançar enquanto os violinistas tocavam uma música lenta e um pouco confusa, ela aceitou seu pedido.

Dançaram, dançaram e dançaram.

E nenhuma palavra foi pronunciada.

Com os olhares, eles se falaram. Ele não podia revelar quem era porque corria o risco de nunca mais poder vê-la. E quando ele soube que aquele sonho estava prestes a acabar, apenas beijou sua mão em um gesto gentil e o sonho acabou.

Mesmo não podendo ver as pessoas sem elas estarem sonhando, ele sabia, de algum modo, que ela pensava nele e estavam fortemente conectados.

Na outra noite, a moça sonhou novamente, mas não com bailes ou florestas e sim com uma gruta escondida no meio da mata.

Uma gruta que pertencia a ele, onde a estava esperando. Eles se olharam demoradamente enquanto ele levantava de sua cama de ébano rodeado por flores e um lago.

– Você veio… – sua voz era grave e causava arrepios na moça.

– Qual o seu nome? Por que estamos nos vendo de novo? – ela perguntou, se aproximando mais, cautelosamente.

– Não importa o meu nome, o que importa é você estar aqui. Há quanto tempo ninguém vem aqui… – ele respondeu, olhando seu reflexo na água. – Não fique com medo de mim, sou apenas um homem solitário.

– Solidão é o que sente?

– Não quando te vejo… – ele respondeu, virando seu olhar para olhar nos olhos castanhos da mulher que estava mais perto do que pensava.

Inesperadamente, ela ergueu um dos braços e colocou sua mão quente no rosto do outro e o olhou com muita doçura.

E depois de centenas de anos, ele sorriu verdadeiramente pela primeira vez e suas asas voltaram a se erguer sob o manto preto comprido. Asas tão brilhantes quanto os raios da estrela mais brilhante do Universo inteiro e a gruta inteira se iluminou, assim como os sonhos de todas as pessoas.

Eles se beijaram.

Ele havia se apaixonado.

Por uma mortal.

Morfeu quebrou todas as regras.

Por ela.