Havia uma pessoa.
Estava chovendo como nunca. A fria e sómbria chuva caía sobre a cidade molhando as gélidas calçadas de concreto e banhando os grandes e sem vida arranha-céus. Era noite… Ou seria dia? O céu estava mais negro que a noite mais tenebrosa. Trovões gritavam ferozmente, fazendo ecos ensurdecedores em todas as vielas, esquinas daquele bairro, daquela monstruosa cidade.
Rostos transitavam pelas calçadas com seus grandes ou pequenos guarda-chuvas dos mais diversos materiais e cores. Algumas pessoas corriam da tempestade tropical, outras tentavam se encolher debaixo de seus protetores, em vão.
O vento soprava cada vez mais forte. As copas verde-vivo das árvores balançava sem descanso conforme o impiedoso vento ordenava, como se fossem obrigadas a dançar por algo muito mais forte que elas. As folhas mais frágeis eram arrancadas e jogadas longe com total brutalidade.
Havia uma pessoa. Ela andava pelas ruas como se a chuva não a estive incomodando. Nada se comparava ao peso que carregava dentro de si. Estava sem guarda-chuvas e ninguém parecia perceber esse fato. Na verdade, pareciam evitá-la. Seu cabelo loiro selvagem estava molhado e sua cabeça baixa, pedindo ajuda em silêncio com suas mãos trêmulas, respiração ofegante e olhos suplicantes.
Tantas pessoas… E mesmo assim ninguém parecia entender. Estava sendo deixada para trás. Como aquelas pequenas folhas carregadas pela ventania.
E no mesmo instante que alguém a notou, sua existência havia desaparecido para sempre. Sua alma perdida. Para sempre.
E assim as pessoas continuavam vivendo, vazias, sempre procurando por algo faltando. A menor das existências faz diferença.
Quantas almas não existem por aí suplicando em silêncio? Vivendo cada dia com força e esperança, mas com extrema dor? Existências tão pesadas quanto a 1 tonelada de chumbo… Tudo o que mais querem é ajuda.
Antes que seja tarde demais.
Muito bom, mas triste =(
Bom ver vc escrevendo de novo =)